Toda a vez


Toda a vez que você vai embora

Mata em mim alguma parte
Morrem células, vai serotonina,
Renasce a rotina que me leva
A parte alguma, morre.

Toda a vez que você desencanta
Desencanta em mim a adrenalina,
Desencana o conflito, mas e daí?
Fico sem aquela dose plena
De amor aos pedaços.

Toda a vez que você desconstrói
Destrói em mim a criança
O moleque, o insano, o maldito,
Não questiono mais nada,
Não conflito, nem nada.

Toda a vez que você não volta
Adormece em mim o que vive,
Uma parte se vai, sem revolta,
Volta o dia a dia, das esquinas,

Vai-se a incerteza, fica o vazio.

E então você volta
E, como uma droga, quero mais
Mais daquilo que me entorpece,
Desperta, embebeda e adormece.
E que se vai, toda a vez
Que você vai embora...

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